sexta-feira, 6 de abril de 2018

O ARGUEIRO E A TRAVE NO OLHO

"O sujo e o mal lavado"
Que a paz do Cristo se faça em nossos corações. 

Bem, meus amigos, hoje o tema de nosso estudo é O ARGUEIRO E A TRAVE NO OLHO, contido no Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo X: Bem Aventurados aqueles que são Misericordiosos - itens 9 e 10 (para quem quiser estudar mais depois).

O texto, em si, é curto - são apenas 2 parágrafos - mas o conteúdo se desdobra e poderíamos discuti-lo por horas a fio. Tento aqui ser o mais sucinto possível para nos enquadrarmos no principal para esta breve reflexão. 

Sempre gosto de lembrar que, para nós entendermos a mensagem contida nas Bem-Aventuranças, precisamos entender primeiro, o que são. 

Jesus Cristo nos ensinou através de seu exemplo, através das parábolas e, de maneira mais direta, através da mensagem do sermão da montanha o seu evangelho. Um código de conduta para construirmos o reino dos céus aqui na Terra e encontrarmos a felicidade ainda aqui no plano físico. 

Isso significa que, em nossa existência imortal, chegaremos num dia que não será mais doloroso reencarnarmos, porque este mundo físico será tão maravilhoso quanto nossa pátria espiritual. Construir esse reino dos céus é um compromisso que cada um deve assumir. 

No evangelho do apóstolo Matheus, cap. V, v. 7, Jesus diz: “Bem-Aventurados aqueles que são Misericordiosos, porque eles próprios obterão misericórdia”. Misericórdia, significa compaixão, piedade, portanto, é um sentimento e ato de caridade para com a infelicidade do próximo. 

Já no Capítulo VII do Evangelho de São Matheus: “Por que vês tu, pois, o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? Ou como dizes a teu irmão: Deixa-me tirar-te do teu olho o argueiro, quando tens no teu uma trave? Hipócrita, tira primeira a trave do teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão.” 

Talvez alguns não saibam o que significa “argueiro”, pois não é mais uma palavra comum no nosso vocabulário. “Argueiro” é “palha” ou “cisco”. 

Então o que Jesus quis dizer é o seguinte: “Por que é você fica reparando, se intrometendo, no "cisco" que está no olho de outra pessoa, se você não percebe que você tem um muito maior no seu olho. Tira primeiro o que tá no teu olho, essa “trave”, antes de querer ajudar o outro a tirar o cisco do olho dele. 

No dia a dia a gente nem percebe, mas fazemos isso com frequência. “Olha fulano, você está engordando muito, quem sabe faz uma dieta”... como se o outro não tivesse espelho, como se fosse um problema simples... e o pior é que a pessoa que está sugerindo a dieta, muitas vezes, não é exemplo de saúde. 

Há casos também em que o sujeito tem, visivelmente, distúrbios mentais (não os admite) e ainda quer aconselhar os outros a procurar um psicólogo / psiquiatra... 

Entre tantas coisas: "você precisa emagrecer", "precisa fazer exercícios", "deveria se vestir melhor", "Acho que tinha que ler mais". E porque é que a gente faz isso? Será porque realmente nos importamos com os outros, ou queremos apenas parecer que somos lindos, maravilhosos, caridosos? 

Os Espíritos superiores vem nos mostrar o que Jesus quis nos dizer com essa mensagem. Que um dos maiores defeitos da humanidade é ver o mal nos outros antes de ver o mal que está em nós. 

Para julgarmos a nós mesmos, seria preciso se ver num espelho ou, de alguma forma, nos transportarmos para fora de nós mesmos e nos olharmos como se fosse outra pessoa. 

Aqui é que mora a grande questão: O que eu pensaria se visse alguém fazendo o que eu faço? Imagina que tem alguém alguém te filmando 24 horas por dia (pior que Big Brother), você não tem privacidade nem dos teus pensamentos, nem no banheiro. E aí alguém te mostra esse vídeo. Você teria orgulho de tudo que faz e pensa, ou sentiria vergonha? 

A Espiritualidade superior nos esclarece que é justamente o nosso orgulho que nos faz dissimular, disfarçar, os próprios defeitos, morais e físicos. 

Jesus nos chamou de hipócritas, porquê? Não é só pelo fato de vermos o defeito dos outros, antes do nosso. É também pelos momentos que queremos nos mostrar “caridosos”, ajudando o próximo, ressaltando os seus defeitos. Isso é um contrassenso... 

A verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente. A hipocrisia reside no fato de que uma pessoa que se acha tão orgulhosa de ser maravilhosa e benevolente, jamais conseguiria exaltar as qualidades do próximo, pois isso tiraria o seu brilho. 

O verdadeiro ato de caridade nesses casos é a prática da indulgência. Indulgência é não apontar os defeitos dos outros. Se for necessário para um bem maior, procura minimizar os defeitos e sempre procura, primeiro, tratar com aquele irmão de suas imperfeições em particular, nunca na frente dos outros, sem humilhação. 

Imagina que tu tens um amigo que passou a semana inteira trabalhando muito. Ele chega em casa, joga os sapatos para qualquer lugar, camisa para um lado, calça para o outro, come qualquer coisa rápido, deixa o prato na pia, toma banho e joga toalha no chão e assim vai a semana toda. No fim de semana, quando ele finalmente tem tempo para arrumar a casa, ao invés, ele aparece na tua casa dizendo que chegou para te ajudar a arrumar a tua casa. Vocês voltam para dentro de casa e tu vês que a tua casa está tão ou mais bagunçada que a dele. O que você sentiria nesse momento? 

“Perdoa para ser perdoado”; “Não julgueis para não serdes julgado”; “Reconcilia-te com teus irmãos”. Todas essas mensagens do Cristo são para nos lembrar de como sermos misericordiosos. Devemos limpar a nossa consciência primeiro, antes de querermos ajudar os outros, pois quando limparmos o orgulho do nosso coração, faremos a verdadeira caridade e estaremos no caminho de construir a felicidade em conjunto. 

Que fique para nossa reflexão. 

Paz a todos.

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