Segue abaixo transcrição de palestra de 15 minutos que ministrei na Associação Espírita Humberto de Campos, Canoas - RS, no dia 08/05/2018.
Boa noite a todos. Que a paz do Cristo se faça presente.
Bem, meus amigos, hoje o tema de nosso estudo é A BENEFICÊNCIA, contido no Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo 13: Que a vossa mão esquerda não saiba o que dá a vossa mão direita – São os itens 11 a 16, para quem quiser estudar mais depois.
Este tema nos fala muito sobre o que é a verdadeira caridade, porque não a fazemos como se deveria, o que podemos fazer para melhorar e porque devemos fazer a caridade.
E é aqui que devemos parar para pensar um pouco mais: no por quê das coisas. Será que todos que se dizem Cristãos (seja espírita, católico, evangélico ou da denominação que for), será que todos sabem dizer o que Jesus veio fazer na Terra? Você sabe? Normalmente as pessoas dizem que Jesus veio para lavar os nossos pecados, mas nós continuamos pecando... então não deve ser bem isso. Outros dizem que ele veio trazer a mensagem de amor; certo, isso parece mais interessante, mas então porquê ele veio trazer uma mensagem de amor? Qual a finalidade dessa mensagem? É a nessa questão que se encontra o real sentido da vinda do Cristo à Terra.
O “evangelho” ou “boa nova” de Jesus é a promessa do Reino dos Céus, ou seja, um lugar de pura felicidade, onde não há qualquer tipo de sofrimento. E, mais do que isso, ele veio nos trazer, através dos seus ensinamentos, um código de conduta para construirmos o Reino dos Céus aqui na Terra e encontrarmos a felicidade aqui.
Quando Jesus diz que “fora da caridade não há salvação” ele quer nos dizer que somente através de atos de amor é que vamos encontrar a felicidade, porque a Caridade é isso, é o amor em movimento.
Mas como ainda somos tão imaturos para assimilar e praticar o amor em sua plenitude, Jesus se preocupou em nos mostrar que devemos tomar cuidados ao praticar a sua lei de amor, para que estejamos realmente fazendo o bem ao próximo e não apenas alimentando o nosso egoísmo e a nossa vaidade. Porque dessa maneira, nós não evoluímos.
Está lá no Evangelho de São Mateus:
Tomai cuidado de não fazer vossas boas obras diante dos homens para serem vistas por eles, de outro modo não recebereis a recompensa de vosso Pai que está nos céus. Então, quando derdes esmolas, não façais soar trombeta diante de vós, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem honrados pelos homens. Eu vos digo em verdade, que receberam sua recompensa. Mas quando derdes esmola, que a vossa mão esquerda não saiba o que dá a vossa mão direita; a fim de que a esmola esteja em segredo; e vosso Pai que vê o que se passa em segredo, dela vos entregará a recompensa. (São Mateus, cap. VI, v. de 1 a 4).
A Doutrina Espírita, por sua vez, veio com o objetivo de reforçar o que Jesus disse, esclarecer o que não foi claramente entendido pela humanidade e, dessa maneira, consolar todas as nossas aflições. Porque era óbvio que, tentando praticar o bem, mas ainda tão imaturos, nós nos sentiríamos perdidos em algum momento. A doutrina espírita vem trazer essa luz para nos esclarecer.
No que diz respeito à Caridade, a espiritualidade superior vem nos mostrar que para praticá-la, primeiro devemos plantar em nossos corações o desejo de fazer o bem, ou seja, a beneficência.
Eles nos dizem que a beneficência nos dará nesse mundo as mais puras e as mais doces alegrias, as alegrias do coração que não são perturbadas nem pelo remorso, nem pela indiferença.
Mas o que é então a Beneficência? No sentido exato da palavra é “fazer o bem”. Os espíritos superiores nos dizem que a beneficência é esse sentimento que faz com que se olhe o outro com o mesmo olhar que se olha a si mesmo.
Imagina que bacana se você pudesse se ocupar na sua vida só em fazer os outros felizes. Não como um palhaço, que muitas vezes debocha dos outros, mas como quem leva a graça para o coração das pessoas. Não há sentimento mais gostoso do que poder ajudar alguém que está em desespero e pela sua ação, aquela pessoa mudar o semblante e se iluminar de esperança, porque estava doente, ou com fome ou passando por algum tipo de necessidade.
Os Espíritos nos ensinam ainda a beneficência é inesgotável - quanto mais dou, mais recebo e, assim, mais os outros tem capacidade de dar e receber. A recompensa imediata de fazer o bem é a paz do coração; como dizem, a caridade é o remédio contra as aflições da vida.
Mas se é tão bom assim para nós também fazer o bem, praticar a caridade, porque é que a gente não faz mais pelos outros? Seria pela falta de exemplos? Madre Teresa de Calcutá, dedicou sua vida inteira aos enfermos e aos pobres; Chico Xavier com sua mediunidade publicou mais 450 livros psicografados e ajudou a fazer do Brasil a maior nação espírita do mundo e nunca ganhou nem cobrou nada por isso. Nem precisamos ir longe, é só olhar para nossa sociedade e vamos ver incontáveis exemplos de atos de caridade.
Como dizem os Espíritos, nós todos nos sentimos empolgados ao ouvir uma história de uma obra verdadeiramente caridosa. Se não a gente não ficasse preocupado com em ganhar os créditos materiais por uma boa ação, estaríamos sempre no caminho do progresso espiritual. Exemplos não faltam; o que falta é a boa vontade, que é rara.
E como é que a gente faze então a caridade? Muitos ainda confundem esmola com caridade. Os Espíritos nos dizem que a esmola às vezes é útil porque alivia os pobres; mas é quase sempre humilhante para aquele que a faz e para aquele que a recebe. A caridade, ao contrário, faz o benfeitor e o beneficiado se conectarem e se reconhecerem como irmãos.
Vamos tentar separar o que seria a "falsa caridade" e a "verdadeira caridade". A falsa caridade é o egoísmo, o orgulho e a vaidade disfarçados de boas ações. Ela humilha o outro quando diz " eu estou te ajudando, porque a mim está sobrando", ou "... a mim não falta nada"; "eu te ajudo, porque sou melhor que você". E este benfeitor adora que os outros vejam o que ela está fazendo: canta aos quatro ventos que sempre dá lugar aos idosos, gestantes e deficientes no trem ou ônibus; faz uma boa ação doando comida, roupas, agasalhos e corre no Facebook e Instagram para divulgar e ganhar curtidas... e ainda tenta se iludir dizendo a sim mesmo que faz aquilo para inspirar os outros a fazerem boas ações... como fosse modelo para alguém.
A verdadeira caridade é modesta, ela age ao natural, quase que por instinto de preservação da espécie. É algo que simplesmente impulsiona a fazer o bem, colocando o outro em primeiro lugar.
Entretanto, tem gente ainda hoje, (e isso no mundo inteiro) que pensa assim: “Sou pobre, não posso fazer a caridade”; “eu é que estou passando necessidade, não posso ajudar ninguém”.
Os nossos amigos espirituais nos explicam que todos podemos dar alguma coisa. Em qualquer classe social que estejamos, temos alguma coisa para compartilhar. O que quer que Deus tenha te dado, aquilo que você tem a mais que os outros, você pode compartilhar... Pode ser dinheiro, pode ser tempo, pode ser talento para música ou para ensinar os outros a fazer alguma coisa. Se você dividir o que tem, seja o que for, já está exercendo um pouco a caridade.
Ainda, se a pessoa não baixa a guarda do orgulho e realmente considera que não tem nada para dividir com os outros, ainda resta praticar a indulgência, que é uma forma de caridade, e esta pode-se fazer bastante. Ser indulgente é não falar mal dos outros, não fazer fofoca.
Então, que fique para nossa reflexão, que sempre podemos fazer o bem ao próximo, de uma maneira ou de outra.
Boa noite!
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