Boa noite a todos. Que a paz do Cristo se faça presente.
Bem, meus amigos, hoje o tema de nosso estudo é A VIGANÇA, contido no Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XII: Amai os vossos inimigos – é o item 9, para quem quiser estudar mais depois.
Até a vinda de Jesus à Terra, todos seguiam a Lei de Talião, contido no Código de Hamurabi, lá de 1780 a.C. – conhecida como “Olho por Olho e Dente por Dente”, tratava-se de uma lei de reciprocidade dos crimes e das ofensas. Ou seja, se alguém me desse um tapa no rosto, eu teria todo o direito de devolver o tampa na mesma proporção. Alguns países no Oriente Médio ainda seguem versões dessa lei, cortando membros de pessoas que são presas roubando. Infelizmente, em nossa sociedade dita "civilizada" muitas pessoas, ainda hoje, acreditam que esta seria a melhor maneira de resolver os problemas.
No entanto, Jesus veio nos mostrar, através da sua lei de amor ao próximo que, se somos todos filhos de um mesmo Deus, somos todos irmãos. Assim, devemos nos respeitar e nos amar a todos. Muita gente pensa que “amar o próximo” é só fazer o bem sempre aos pais, amigos e familiares e, de vez em quando, para alguém mais necessitado. Mas qual o seria o mérito nisso? Jesus nos diz, no Evangelho de São Mateus:
Amai os vossos inimigos, fazei o bem àqueles que vos odeiam e orai por aqueles que vos perseguem e vos caluniam; a fim de que sejais filhos de vosso Pai que está nos céus. (São Mateus cap V, v. 44).
Se o amor ao próximo é o princípio da caridade, amar os inimigos é sua aplicação mais sublime, nos dizem os Espíritos.
É claro que hoje Jesus não quis dizer que se deve ter pelo inimigo o mesmo carinho, afeto que com um amigo. Hoje podemos entender isso, interpretando os ensinamentos do Cristo de maneira ampla. Isso é impossível, no estágio de evolução que nos encontramos, pelo simples fato de que não há laços de afinidade entre pessoas que desconfiam umas das outras.
O que Jesus quer nos ensinar é que Amar os inimigos é não ter contra eles nem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; é perdoar-lhes sem segunda intenção e incondicionalmente o mal que nos fazem; é não opor nenhum obstáculo à reconciliação; é desejar-lhes o bem, em lugar de desejar-lhes o mal. ... é abster-se, em palavras e em ações, de tudo o que possa prejudicá-los.
E a Doutrina Espírita vem ainda nos esclarecer que esses inimigos, podem estar entre os encarnados e os desencarnados. Os inimigos do mundo invisível se apresentam na maioria das vezes através das obsessões e pelas subjugações. Por isso, no ato da desobsessão devemos pedir ajuda também para nosso obsessor, perdoar-lhe o mal que nos tem feito e desejar a ele somente o bem.
Mas isso parece muito difícil não é? Como que eu vou desejar o bem para quem me violenta, a quem me rouba algo que lutei tanto para conquistar: Como perdoar e não querer me vingar de alguém que fez uma atrocidade contra mim ou contra alguém que eu amo. Como querer me reconciliar com um criminoso, um pedófilo, estuprador, corrupto?
Se parece tão difícil, vamos começar pensando nas pequenas ofensas que nós fazemos e nas que recebemos diariamente... na família, no trabalho, na escola. Quantas vezes a gente não planejou e arquitetou uma vingança contra alguém, que talvez só tenha nos ofendido ou nos machucado sem querer? Ficar remoendo pensamentos do tipo "Fulano vai me pagar", "Não perde por esperar", "Vai ver só uma coisa"...
A Doutrina Espírita vem nos esclarecer que o desejo de vingança é um resquício de costumes bárbaros. É indício certo do atraso das pessoas que se permitem consumir pelo seu desejo insaciável e vai simplesmente contra o preceito do Cristo de “perdoar os inimigos”.
A vingança pode tomar diversas formas... Julgando-se mais forte, muitos se atiram num ímpeto de cólera na vontade de eliminar a outra pessoa, como se a existência do outro, comprometesse a sua própria.
Mas raramente a vingança é dada de peito aberto, como nos duelos entre aqueles que se julgam ter tido a honra manchada. Há um ditado diz: “A vingança é um prato que se come frio”, pois aqueles que se comprazem com a vingança, acreditam que é mais saboroso quanto mais se demora para se consumar. Pois esse é o pensamento mais perverso.
Aquele que se vinga, normalmente age às escondidas... estuda o comportamento do oponente, fica à espreita e arma emboscadas. Às vezes, se força até passar por amigo e no momento oportuno, comete o crime, com veneno, um tiro pelas costas, um enforcamento... Isso, mencionando casos extremos que levam ao assassinato, como vemos diariamente nos jornais, nas guerras entre fações criminosas, torcidas organizadas, etc.
Mas há um tipo ainda pior de se vingar e é essa que todo mundo faz um pouquinho... na maledicência. Falar mal do outro para seus amigos, colegas e familiares e colocar todos contra ele. Atacar sua honra, inventando ou aumentando os fatos, usando da difamação e da calúnia... O pior é que funciona, porque o ser humano está tão carente de encontrar alguém pior que ele, que adora ouvir os podres dos outros... e de repente, aquela pessoa está solitária, perde a família, fica sem amigos.
É comum vermos isso nas nossas famílias e no trabalho... colegas que levam ao conhecimento da chefia algo da vida particular de um colega que julga ser seu oponente e faz parecer algo condenável. “Sabe o fulano, é isso (ou aquilo)”; Ou “sabia que a fulana está ficando com o chefe”... o que se ganha com isso?
Na maioria das vezes, que está executando uma vingança, pensa que está fazendo justiça, reparando um mal que já foi feito. Mas está errado, porque justiça tem a ver com equilíbrio e na balança entre bem e mal, não equilibra o mal jogando mais mal em cima. Somente através do bem é que podemos encontrar o equilíbrio.
Pois há outro ditado que gosto bastante: “A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena” quem assitia a série do Chaves, vai lembrar do Seu Madruga dizendo isso. Apesar de ser uma série de humor, a frase é verdadeira, pois aquele que se alimenta do desejo de vingança está primeiro fazendo mal a si mesmo.
Para seguirmos o caminho do Cristo em busca da nossa felicidade, precisamos abrir mão desse tipo de atitude. Precisamos fazer o bem, parar de falar mal dos outros e, para começar a perdoar os outros, precisamos abdicar do nosso orgulho.
Como dizem os espíritos, o homem que ocupa uma posição elevada no mundo, não se crê ofendido pelos insultos daquele a quem considera como seu inferior; Assim ocorre com aquele a quem que se eleva no mundo moral.
Ou seja, se eu penso que sou melhor, o mal do outro não pode me atingir. E se eu sou realmente melhor, eu tenho ainda o dever de ajudar o outro a melhorar, perdoando, fazendo o bem e evitando o mal.
Que fique para nossa reflexão.
Uma boa noite a todos.