Canoas, 12 de dezembro de 2017
TEMPO: 15 minutos
FONTE:
- Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo IX – Bem Aventurados aqueles que são Brandos e Pacíficos. Item 7: “A PACIÊNCIA” (KARDEC, Allan.1864).
Boa noite a todos. Que a paz do Cristo se faça presente.
Bem, meus amigos, hoje o tema de nosso estudo é a Paciência, contido no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo IX – Bem Aventurados aqueles que são Brandos e Pacíficos, o foco será o item 7 "A Paciência", trago para quem quiser estudar mais depois.
Confesso que é um tema difícil para mim, que sou filho de italianos. Em casa brincamos que é todo mundo nervoso. Aceitei, obviamente, de coração aberto a missão deste estudo porque é algo que também preciso aprender bastante.
Para nós entendermos a mensagem contida nas Bem-Aventuranças, precisamos entender primeiro, o que são. Vamos fazer uma pequena digressão...
É importante lembrarmos que a maioria das religiões, se não todas, em diferentes regiões ao redor do mundo, sempre nos trouxeram a ideia de vivermos num paraíso depois da morte. Um lugar onde não passaremos por mais nenhuma dificuldade, um lugar sem sofrimentos. Só Felicidade!
Jesus Cristo é diferente de todos os profetas que vieram antes ou depois dele, porque ele nos trouxe em seu Evangelho o código de conduta para construirmos o reino dos céus aqui na Terra e encontrarmos a felicidade ainda aqui no plano físico. Assim, em nossa existência imortal, chegaremos num dia que não será mais doloroso reencarnarmos, porque este mundo físico será tão maravilhoso quanto a nossa pátria espiritual.
E esse é um compromisso que você deve assumir. Cada um de vocês. E eu falo vocês para entendermos a responsabilidade que temos. Quando alguém fala “depende de nós”, sempre tem alguém que pensa: “nós” deve ser ele, mais outro... eu vou ficar na minha, esperando o parque de diversões abrir. Só que o convite de Jesus é que para "andar no brinquedo, você tem que construir o brinquedo".
Jesus nos ensina essa “maneira de viver”, esse "código de conduta" muito através de suas parábolas e dos exemplos de sua passagem aqui na Terra, porém há uma parte que ele nos ensina de maneira ainda mais direta: no episódio do sermão da montanha, quando são citadas as bem-aventuranças.
No evangelho do apóstolo Matheus, cap. V, v. 4, Jesus diz: “Bem Aventurados aqueles que são Brandos, porque eles possuirão a Terra”. E ainda no versículo 9: “Bem-aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus”. O Evangelho Segundo o Espiritismo vem nos mostrar que para construir o reino dos céus na Terra e nos enxergarmos como irmãos, devemos ser brandos e pacíficos. Ser brando é ser calmo. Ser Pacífico é não se envolver com nenhum tipo de violência. Ser brando e pacífico, meus amigos, é o maior exercício de humildade que faremos. É sermos resignados. Relevar as ofensas e abraçar os desafios da vida.
Neste capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo, o item 7 fala sobre a Paciência, como uma ferramenta para nos tornarmos brandos e pacíficos. Nesta parte, "Um Espírito Amigo" (como assina a mensagem) nos explica que as dores que vivenciamos no corpo físico são, na verdade, uma benção. E que, portanto, devemos ser gratos pelo sofrimento, porque ele nos deixa mais fortes e mais espertos.
Todos nós aqui, quando criança, provavelmente queimamos os dedos no fogo ou numa chapa quente quando não havia adultos por perto... e o que fizemos? Entramos em desespero? Choramos.... Talvez, mas não ficamos estancados no tempo se lamentando... Pelo contrário, aprendemos a não fazer mais aquilo. É uma lição que nunca mais esquecemos. Também nos deixou preparados para saber qual é a sensação, para estarmos mais fortalecidos para o caso de um dia precisarmos passar por aquilo novamente.
Nesse ponto, podemos lembrar também que temos relatos de muitas pessoas que tiveram alguma doença avassaladora, como um câncer, por exemplo, e o venceram ou ainda lutam, mas que são muito gratas. Pessoas que consideram que ter tido o câncer foi a melhor coisa que aconteceu com elas, porque as fez elas refletirem sobre a vida que levavam e mudarem seus hábitos, suas companhias. Mesmo com o corpo físico perecendo, elas encontraram um pouco de felicidade.
Por outro lado, como é a situação quando nós nos envolvemos com o sofrimento dos outros? E como é quando, muitas vezes, assumimos esse sofrimento também como nosso? E quando passa a ser nossa responsabilidade cuidar daquela pessoa que está passando por algum problema de doença física, mental ou emocional? Ah! É quando mais precisamos exercitar nossa paciência, pois é quando mostramos nossa verdadeira natureza...
Quantas vezes vemos no noticiário, cuidadores, babás, pessoas que assumem o compromisso de cuidar dos outros, batendo em idosos, crianças, judiando dos animais? A maioria, se não todas, se consideram pessoas boas, mas perdem a paciência com o sofrimento alheio. Chegam a dizer que ou outro “me tirou dos sério”... A paciência é também um ato sempre de caridade, pois estamos abdicando do nosso conforto para cuidar dos outros.
No Evangelho, este Espírito Amigo traz uma reflexão simples, mas profunda que para mim é uma das passagens mais bonitas: “A vida é difícil, eu o sei; ela se compõe de mil nadas que são picadas de alfinetes que acabam por ferir, mas é preciso ver os deveres que nos são impostos, as consolações e as compensações que temos por outro lado e, então, veremos que as bençãos são muito mais numerosas do que as dores. O fardo parece menos pesado quando se olha para o alto do que quando se curva a fronte para o chão”.
Todos passamos dificuldades da vida, mas precisamos entender o que estamos fazendo aqui, vivos. Entender o nosso papel na criação?
Aí alguém pode se questionar: Como posso ver a felicidade em meio a tantas coisas ruins? Admito que na maioria das vezes também tenho essa dificuldade, mas aprendo a cada dia estudando os ensinamentos Jesus e do Espiritismo que temos que olhar as coisas de uma maneira mais ampla. Entender que nossa vida é muito mais do que só esta existência.
Se subirmos numa montanha que possibilite ver toda a nossa existência e olhar o caminho que percorremos, vamos ver as pedras que removemos, os oceanos que cruzamos e as montanhas que transpomos... e veremos que as conquistas são muito mais significativas que as dificuldades que passamos, porque o sofrimento é temporário e cai no esquecimento.
Quem fez o Enem ou os filhos, sobrinhos, netos fizeram? A pessoa que está estudando com afinco para o Vestibular, em um determinado momento quer desistir, sente que não vale a pena aquele esforço... ter que abdicar de sair com amigos, namorar, jogar bola, parece sem sentido... Aí a pessoa passa, faz uma grande festa, entra para a Faculdade e vem outras dificuldades... Muitas vezes ter que conciliar faculdade, família e trabalho. E quando acha que nada pode piorar, o sujeito ainda tem que fazer o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Após se formar na faculdade, a felicidade é tamanha daquela conquista que a criatura nem lembra do sofrimento de passar no vestibular. Então, Paciência, tudo se resolve.
Jesus, por seus exemplos, sempre mostrou às pessoas que tivessem paciência para entender o que estava acontecendo... ao ajudar o próximo, a curar os doentes, no seus julgamento, no calvário e até no topo da cruz. No episódio da morte de Lázaro, quando ele diz (e vou parafrasear) "Ao mortos o problema de cuidar dos mortos", significa para ter calma e paciência que as coisas se resolverão, mesmo com o corpo físico intacto ou não. Também durante sua crucificação, ainda teve oportunidade de mostrar ao ladrão crucificado ao seu lado para ter paciência que, se ele estava arrependido de seus crimes, ele teria oportunidade de reparar e, um dia, se encontrar com ele no reino dos céus.
A nossa vida é muito maior que somente essa existência, muito mais que o emprego, que as dores que vivenciamos. Somente sendo brandos e pacíficos conseguiremos enxergar isso. É isso que Jesus quer nos ensinar.
Para concluir, vou trazer uma metáfora... Entendamos que vamos colocar um quadro na parede. Para isso, eu preciso de um prego na parede. Mas para cravar o prego, eu preciso de um martelo. Façamos a analogia de que para emoldurarmos o Reino dos Céus em nossas vidas, precisamos cravar em nosso coração a Brandura, a Calma, a Resignação e nos tornarmos Pacíficos. A ferramenta para “martelar” todos os dias em nossas vidas é a Paciência.
Paciência não é ignorar tudo e ficar "Zen". Paciência é um esforço mental e emocional.
Que fique para nossa reflexão. Obrigado pela atenção.
Paz a todos e uma boa noite!